Como lidar com a família ao viajar sozinha é um dos desafios mais comuns enfrentados por mulheres que decidem embarcar nessa jornada. Neste texto, compartilho reflexões e dicas práticas para ajudar você a lidar com a falta de apoio familiar de forma saudável, sem abrir mão do seu desejo de explorar o mundo.
Por que é tão difícil falar sobre viajar sozinha com a família?
Quando a gente resolve viajar sozinha, raramente recebe incentivo imediato ou apoio incondicional da família — e, muitas vezes, nem dos amigos. A reação negativa é mais comum do que parece, e comigo também acontece até hoje.
Não é falta de carinho, pelo contrário: geralmente vem de um lugar de medo e preocupação. Num país onde a violência contra a mulher ainda é alarmante e o machismo é estrutural, as pessoas próximas tendem a tentar nos proteger — muitas vezes, do pior jeito possível.
É frustrante, sim. Ainda mais quando ouvimos comentários de quem menos esperávamos. Mas antes de entrar no modo defensivo, vale a pena olhar com um pouco mais de calma para o que está por trás dessas reações. Pode ser o início de um novo tipo de conversa — mais honesta e mais leve — sobre os seus planos e escolhas.
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Caminhos possíveis para lidar com a família ao viajar sozinha
Leve os comentários com leveza
Acho que a primeira coisa que devemos fazer é tentar levar estas “críticas” numa boa e não estressar. Já temos nossos desafios internos pra lidar e isso seria too much. Muito menos devemos desanimar com a viagem. Não é fácil, eu sei, porque são pessoas próximas e que você esperava ter apoio. Mas é justamente porque elas gostam de você que acabam fazendo algumas afirmações “tortas” como forma de argumento. Se você entrar nessa e se irritar, não vai resolver nada. Só vai ser mais um obstáculo pra lidar.
Observe que, no caso dos pais, não importa a idade que eles ou você tenham — na maioria das vezes, ainda te veem como um bebê, com um sentimento grande de proteção e posse. Minha mãe tem 95 anos e, mesmo que eu já tenha chegado aos 57, já tenha viajado muito sozinha e tenha morado longe dela por mais de 30 anos, sempre está preocupada. Normal.
Tento administrar da maneira que posso. Já me estressei muito e, por isso, posso afirmar com muita tranquilidade e verdade: não adianta nada, você só gasta energia à toa. Mas… que tal outro tipo de atitude?
Ouça com atenção: entenda o que realmente os preocupa
Tá, mas e aí? Ignoro minha família? Viro as costas e vou? Sim e não. Sim, vá de qualquer maneira e não desista do seu sonho. Não, não vire as costas — escute. E escute de verdade. Antes de despejar mil argumentos sobre a sua idade, sua vontade, sua capacidade, seu direito de ir e vir, ouça o que eles têm a dizer.
Tente entender nos mínimos detalhes tudo o que aflige, incomoda e apavora essas pessoas que você ama. Muitas vezes, os medos estão ligados a mitos sobre segurança, violência, solidão — temas que precisam ser acolhidos, não combatidos. E quando você compreende o que está por trás dessas preocupações, fica mais fácil argumentar, construir confiança e, quem sabe, até mudar algumas percepções.

Mesmo que não consiga 100% de aprovação, pelo menos terá clareza sobre os receios deles e poderá aliviar as tensões. No fim das contas, é isso o que queremos: uma convivência mais leve, sem criar uma batalha emocional antes mesmo da viagem começar.
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Mostre por que essa viagem significa tanto pra você
Depois de ouvir, é a sua vez de falar. Explique por que essa viagem é tão importante pra você. Fale sobre os motivos que te levaram a tomar essa decisão, o que você espera viver, aprender, sentir. Compartilhe suas expectativas, seus sonhos, seu desejo de liberdade e autonomia.
Você já os ouviu, certo? Agora é hora de mostrar que viajar sozinha não é um impulso, mas algo pensado, desejado, planejado. Diga o quanto essa experiência pode te fortalecer, trazer autoconhecimento, abrir portas.
Partindo do princípio de que essas pessoas gostam de você, não tem como elas não entenderem — mesmo que não concordem. E tudo bem se não for uma aceitação completa. O importante é que você consiga expressar sua verdade, com clareza e respeito. Acredite: isso faz diferença.
Convide sua família a participar, mesmo de longe
Quando você compartilha seus planos e mostra o quanto essa viagem significa, abre espaço pra que sua família participe disso de alguma forma. Não é sobre pedir permissão — é sobre dividir o sonho e mostrar que há espaço pra eles, mesmo que à distância.
Conte detalhes do roteiro, comente sobre as pesquisas que fez, peça sugestões. Às vezes, um simples “o que você acha?” já aproxima. Essa atitude pode ajudar a diminuir a resistência e até gerar um apoio inesperado.
Claro, nem sempre vai funcionar. Mas quando funciona, fortalece os laços. E mesmo que eles não embarquem com você nessa ideia, saber que você tentou incluir já muda o tom da conversa.
Mostre que você se planejou de verdade
Eu sempre falo que o planejamento é um dos grandes responsáveis para o sucesso da viagem solo e também um dos fatores que vai amenizar a sua angústia, ansiedade e até o medo que sempre surge em nosso caminho e que temos que enfrentar.
E o que mais vejo na reação dos familiares e pessoas próximas é também o medo de que algo dê errado, medo de que algo ruim possa acontecer com você. E, quando mostramos que estamos bem preparadas para as coisas que podem acontecer; que pesquisamos bastante sobre o nosso destino; que sabemos o que fazer e o que não fazer, as coisas acabam se acalmando um pouco. Acho que a gente consegue passar uma tranquilidade maior a eles e, obviamente, isso tudo é super importante para você também. Para que a viagem aconteça da melhor maneira possível.
Tenha um plano B para imprevistos
Plano B? Mas como assim? Pense no que poderia dar errado em sua viagem. Mas sem muita paranoia, por favor. Vamos a um exemplo:
Reservei um hotel que achei maravilhoso e perfeito. Cheguei lá e achei tudo uma droga, fica numa localização não muito favorável. O que fazer? Lembra que quando você estava planejando, viu vários outros hotéis legais? Não vai ser nenhum drama se mudar, não é mesmo? Vai perder um din din, mas seu conforto e seu bem estar valem cada centavo. Então, tenha um plano B para a sua hospedagem.

Tenha também um plano B para se você for roubada ou ficar sem dinheiro. E se você perder seu passaporte, por exemplo, sabe o que fazer? Pense em coisas que podem acontecer – mas sem achar que tudo vai dar errado. Pense em coisas que podem acontecer você viajando sozinha ou acompanhada. São coisas da estrada que você pode se preparar e se informar.
Mostre que você não está sozinha nessa
Cada vez mais mulheres pegam a estrada sozinhas com objetivos diversos: autoconhecimento, independência, mudanças de vida ou simplesmente pelo prazer de viajar no próprio ritmo. E o que não falta por aí são histórias que deram certo — sem grandes perrengues, assédios ou tragédias.
Ah, e um incentivo oficial: o Ministério do Turismo lançou uma iniciativa que oferece 15% de desconto em hospedagens para mulheres que viajam sozinhas. Uma conquista e tanto!
Muita gente me pergunta se já passei por algo muito ruim. Desculpa a decepção, mas até hoje não. E eu sigo em frente, com segurança, cuidado e confiança — como tantas outras que escolheram esse caminho solo e possível.
Explique que você está a um clique de distância
Nem preciso listar todas as formas de comunicação gratuita que temos hoje: WhatsApp, vídeo, mensagem, foto em tempo real. A não ser que você esteja indo para um retiro de silêncio ou sem sinal, dá pra mandar notícias diárias e tranquilizar os corações aflitos de mães e pais. Mostre a eles que você estará disponível, que vai se comunicar e compartilhar sua experiência. Só isso já ajuda — e muito — a diminuir a preocupação.
Peça para eles confiarem em você
Pra fechar, tenho um argumento imbatível. Uma vez disse pra minha mãe, em outro contexto: “Você que me educou, então confia em mim, vai?” É meio chantagem emocional, eu sei… Mas funciona. Você não precisa usar exatamente essa frase, claro. Basta pedir um voto de confiança no seu discernimento, na sua capacidade de se cuidar e realizar o que quer. Lembre-se: se eles te amam, vão querer o seu bem — mesmo que no começo não pareça.
Como já falei antes, não sou especialista no assunto. Só compartilho o que vivi e o que penso. Cabe a você adaptar ao seu contexto. Espero que esse texto tenha te ajudado um pouquinho.

Perguntas frequentes
Minha dica: em vez de tentar convencer, mostre preparo. Roteiro detalhado, plano B, hospedagens seguras. Quando a preocupação deles encontra planejamento, a resistência costuma diminuir.
A melhor abordagem é entender o medo por trás da resistência — muitas vezes é pura preocupação. Traga seus familiares pra perto: mostre que você se preparou, compartilhe relatos positivos e mantenha o canal aberto para contato durante a viagem. Apoio nem sempre vem antes da ação, às vezes vem depois que eles veem você indo bem.
Sim. Se é algo que você quer e está preparada, o apoio vem depois — ou não vem, e tudo bem. Sua jornada é sua. Muita gente começa sem apoio nenhum e termina a viagem com uma nova versão de si mesma — mais confiante, mais dona do seu caminho.
4 comentários em “Como lidar com a família ao viajar sozinha: guia prático”
Olá , tenho muita vontade de viajar para cidade em que meu namorado mora .
Porém minha mãe não deixa eu ir ,tenho 16 anos, sinto muita muita vontade estou de férias e eu poderia ir , já pede a ela mas ela continua não deixando , oque eu posso fazer ?
Olá Analice, tudo bem? Somente conversar e, se não der, aguardar você chegar a maioridade aceita por lei para viajar sozinha. beijos
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Olá, sou do Sul de Minas Gerais e meu namorado de São Paulo, cerca de 3 horas de distância. Já nos conhecemos pessoalmente e viajamos juntos de ônibus, inclusive foi muito tranquilo. Porém, minha mãe não aceita que eu viaje sozinha, pois já foi assediada dentro do ônibus viajando. Tenho 17 anos e gostaria muito de ver ele no aniversário dele. Não sei o que fazer para ela deixar, estou morrendo de saudade dele! :'(