Viajar para o Marrocos durante o Ramadã, mês sagrado no Islamismo, pode trazer algumas surpresas e adaptações. Não é a minha primeira experiência no Ramadã, pois já estive no Senegal por duas vezes nesse período, então resolvi contar algumas experiências para que você possa estar preparada e também conheça um pouquinho mais do Islamismo.
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Pilares do Islam
Para começar, primeiro vamos entender os cinco pilares do Islamismo:
- Fé — professar e aceitar que há um só Deus, Alá, e um só profeta, Maomé
- Oração — rezar cinco vezes ao longo do dia (ao amanhecer, depois do meio-dia, entre o meio-dia e o pôr-do-sol, logo após o pôr-do-sol, à noite antes de se alimentar), sempre voltado em direção a Meca
- Caridade – doar dinheiro aos necessitados.
- Jejum — cumprir com as obrigações durante o mês sagrado do Ramadã
- Peregrinação — se tiver condições físicas e financeiras, fazer a peregrinação até Meca, ao menos uma vez na vida.
O Ramadã
O mês sagrado do Ramadã (Ramadan, em árabe) acontece sempre no nono mês do calendário lunar Islâmico (varia de ano para ano), e é quando os muçulmanos jejuam do nascer ao pôr do sol.
“Quem jejuar durante o Ramadã com fé e devoção, Allah o perdoará em seus pecados anteriores” (Bukhari, 1910 e Muslim, 760)
O jejum implica em não comer, não beber, afastar os pensamentos negativos, não fumar, não ter relações sexuais e evitar qualquer coisa em excesso. É um período em que rezam mais dos que as 5 orações diárias e, quando o sol se põe, é a hora de se alimentarem.
Ao final do mês de Ramadã acontece a celebração, a Eid al-Fitr, no primeiro dia do décimo mês do calendário lunar Islâmico. Os muçulmanos comem e festejam, agradecendo a Alá pela benção de terem completado o mês de jejum.
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Viajar durante o Ramadã
Peguei quatro dias de Ramadã durante a viagem ao Marrocos e os muçulmanos trabalham normalmente. Existem algumas pequenas mudanças que você perceberá nitidamente, mas que acho que são totalmente compreensíveis e não vão afetar de maneira negativa a sua experiência. Basta apenas conhecer e tentar se adaptar.
Os guias
Não se esqueça que seus guias também são muçulmanos. Por isso, não se impressione se o seu guia dirigir o dia todo sem colocar qualquer coisa na boca. Eles já estão bastante habituados e, pessoalmente, não tive qualquer problema em relação a isso durante nossa longa viagem de carro pelo Marrocos. Inclusive, Ismail e Mohamed, que nos acompanharam ao longo de mais de 1700 km pelo Marrocos, demonstraram extremo profissionalismo e sempre um ótimo humor.
Como eu andava no carro sempre na frente, fiz um pequeno Ramadã voluntário, evitando comer na frente deles, apenas por uma questão de respeito e solidariedade 😉
Ânimos alterados
Não se surpreenda com a cara fechada e o mau humor de algumas pessoas durante esse período, principalmente, nos primeiros dias de jejum, pois é a época de maior dificuldade. Peguei exatamente os primeiros 4 dias de Ramadã e, em alguns casos, aquele sorriso aberto e acolhedor dos marroquinos não estará presente para te atender. Respostas curtas, impacientes e muitas vezes secas é o que te espera. Mas isso não vem de todas as pessoas, é claro.
No trânsito – que já é caótico por si só e eu chamo de African Way de dirigir – você perceberá o aumento no som das buzinas, caras mais fechadas ainda, gritos e algumas discussões mais acaloradas.
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Compras
Os comerciantes estarão nos souks (mercados) com seus produtos e suas lojas abertas, alguns fechando mais cedo é verdade. A “boa notícia” é que aquela vontade toda de negociar por longos períodos dos marroquinos – e também aconteceu muito no Senegal – desaparece, o que acho ótimo, porque não tenho muita paciência pra isso.
Durante as suas compras no período do Ramadã, das duas uma: ou você vai pagar mais barato, porque o vendedor quer se livrar logo de você e vai aceitar o seu preço, ou não vai conseguir desconto algum, pois eles estão sem energia para aquela negociação sem fim! Na estrada, tentei comprar morangos e como não tinha dirhams suficientes para a grande caixa, tentei negociar para que ele me vendesse menos morangos. Nada feito. Neste caso, fiquei sem morangos e com água na boca.
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Restaurantes, estabelecimentos comerciais e táxis
Durante o dia é possível que você encontre muitos restaurantes na almedina (parte histórica da cidade) fechados. Os que estão acostumados a atender os turistas estarão de portas abertas, mas são poucos. Nessa hora você poderá recorrer aos restaurantes dos hotéis.
Quando o sol de põe e é hora deles se alimentarem finalmente, você encontrará muitos estabelecimentos fechados e alguns com as portas semi cerradas. Em Casablanca, houve muita dificuldade em encontrar um táxi, por exemplo. Eles param para a refeição e você só vai achar um depois das 20h.
Já em uma Pizza Hut em que estivemos pudemos entrar, sentar e até mesmo fazer o pedido. Porém, tivemos que aguardar por uns 30 minutos, até que a equipe de atendimento terminasse sua refeição. No shopping, também em Casablanca, as portas foram semi-cerradas por volta das 19h e reabriram após às 20h.
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Uma coisa interessante é que para o jantar diversos restaurantes oferecem menus diferenciados durante o Ramadã, e você poderá se deliciar com isso.
Atrações Turísticas
Muitos dos pontos de interesse nas grandes cidades do Marrocos terão horários diferenciados durante o Ramadã, como é o caso da Mesquita Hassan II em Casablanca e Jardin Majorelle, em Marrakech. Por isso, se sua viagem cair no período do Ramadã, procure verificar os horários das atrações para não prejudicar o seu roteiro diário.
Bebidas Alcoólicas
Esqueça! Já não é muito fácil encontrar restaurantes que sirvam bebidas alcoólicas no Marrocos. Você encontra mais facilmente nos hotéis e em restaurantes voltados especialmente aos turistas. Porém, durante o Ramadã, até mesmo nestes locais será difícil de ser servido. Se contente em tomar o delicioso chá de menta, que foi como passei a minha última noite em Casablanca, mesmo louca pra tomar uma cerveja!
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Respeito é sempre bom
Obviamente, o jejum não se aplica a não muçulmanos, porém é de extremo bom tom, respeito e educação evitar comer, beber ou fumar em público, uma das recomendações de nosso guia Said ao iniciarmos a nossa visita na almedina de Fez.
Como você pode ver não há nada com que se preocupar, apenas estar preparada para possíveis adaptações no seu roteiro. Viajar também é mergulhar, entender e respeitar a cultura local!
7 comentários em “Viajar para o Marrocos durante o Ramadã”
Muito bom o post, eu aprendi uma série de coisas que não imaginava o quão são importantes no lugar.
Que bom que ressaltou a questão do respeito quanto a cultura e o valor da adaptabilidade. Tudo fica bem com as adaptações. Muito interessante e lindo Marrocos. Dicas indispensáveis. Adorei
Oi Zete Querida, muito obrigada pela visitinha e pelo seu carinho de sempre! beijo enorme
Ame o conteúdo.
Fui a Turkia em pleno Ramadã e não tive problema nenhum.
Fátima, tudo bem ? Que estranho, jurava que tinha respondido. Algo aconteceu…. Adorei te ver por aqui. Obrigada pela visitinha. Turquia está nos planos! beijo grande
Bacana essa viagem ao Marrocos Denise , parabéns , sim temosvqye respeitar a cultura local de cada viagem que fazemos . Bjs
Oi Mariza, tudo bem? Respeitar e procurar se adaptar é realmente a melhor forma de aproveitar a viagem. obrigada pela visitinha. beijo grande
Oi querida, que prazer te ver por aqui! Otimo saber, a Turquia está naquela minha lista infindável! hahahaha beijokas