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Mesa pra uma: o desafio da refeição viajando sozinha

Causos e maneiras de relaxar durante a refeição viajando sozinha

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Uma das coisas que mais me incomodava era a hora da refeição viajando sozinha. Me sentia deslocada, estranha mesmo e até evitava sair. Comia no hotel ou fazia um lanche rápido pra não sentar no restaurante. Talvez pra algumas pessoas a refeição viajando sozinha possa ser um desafio maior do que a própria viagem solo.

Hoje em dia já me divirto observando as pessoas me olhando ou observando a vida alheia. Mas isso leva um tempo, viu? Vamos ver como tornar as refeições viajando sozinha mais leves e divertidas. E ainda conto alguns causos pelas estradas da vida.

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Os fatores, na minha opinião, que envolvem o desafio na refeição viajando sozinha são:

  • A gente se sente mal, porque foi educada a estar sempre acompanhada;
  • As pessoas te olham com estranheza e, às vezes, pena;
  • Os estabelecimentos não estão acostumados e, muitas vezes, não sabem nos receber. Não querem te dar a melhor mesa, pois querem mais pessoas consumindo.

A gente foi acostumada a fazer tudo acompanhada. Refeição, então, em família! Só que as coisas mudaram, a vida mudou e viajamos sozinhas. Viva! No começo pode ser difícil pra você como foi pra mim, mas a prática traz o entendimento deste momento.

Durante a refeição viajando sozinha, muitas pessoas vão te olhar. O garçom vai fazer a pergunta que mais me irrita: Mesa pra quantos? Quando está vendo você parada na frente dele S O Z I N H A. Muitas vezes eu respondi torto dizendo que era mesa pra mim e para meu amigo imaginário.

Mas a realidade é que o cara não tá fazendo isso por mal. Um garçom uma vez me disse que era a força do hábito, que a pergunta já saía naturalmente. Outra menina me contou que trabalhou em restaurante e que a pergunta é para poder organizar melhor as mesas e tals. Tá bem, mas me irritava de qualquer forma.

A verdade é que os homens não entendem uma mulher indo jantar sozinha…a sociedade ainda não entende uma mulher viajando sozinha e fazendo tudo sozinha…

E para nós, personagens principais da refeição viajando sozinha, ainda incomoda e causa um certo desconforto.

Causo em resort na Bahia

Em um resort, estava tomando um drink com o diretor que havia me convidado para conhecer o hotel. Amigo meu de anos, estava contando pra ele que no buffet de café da manhã, sentada em uma mesa sozinha, sempre era a última a ser servida de água. Falei que também a maioria das mesas eram enormes e que eu acabava ocupando um mesão e ninguém mais sentava lá, o que desperdiçava lugares.

Expliquei que isso mostrava, claramente, que o hotel e o staff, ainda não estavam preparados para receber viajantes solo ou, pelo menos, não nos enxergavam como consumidoras de resort. E somos. Não a maioria, mas somos. E isso não era uma reclamação, apenas uma constatação. Ele concordou e disse que ia observar mais e fazer algumas mudanças.

Continuamos o papo e ele estava me falando como o restaurante francês do resort era maravilhoso. Expliquei que não tinha conseguido lugar e ele imediatamente chamou o maître e pediu uma mesa para aquela noite, às 20hs. O maître se virou pra mim com um largo sorriso e perguntou? Mesa pra quantos? ha ha ha

Abri um sorriso e disse: mesa pra uma. Ele não se conteve e disse:

…mas como uma mulher tão bonita vai jantar sozinha?

Meu amigo me olhou como se entendesse exatamente o que eu havia acabado de explicar. Cortou o maître e seguimos com nosso drink.

Entendo que o maître não falou por mal. Mas… Quer dizer que uma mulher feia pode jantar sozinha? Que porque sou “bonita” preciso ter um homem ao meu lado jantando? Ai que cansativo, minha amiga! Mas é a realidade ainda nesses tempos e, dependendo de onde você está viajando pode ser pior.

Causo em Bruxelas, Bélgica

Estava toda feliz em Bruxelas e tinha acabado de chegar. Sentei em um restaurante com mesinhas na rua chamado Chez Leon. Vendo o movimento passar e esperando meus moules et frites (mexilhões e batatas fritas) ouvi um casal na mesa ao lado perguntar ao garçom onde era o Museu da Cerveja. O garçom não sabia e acabei respondendo. O casal agradeceu e o papo começou.

Depois de 5 minutos de papo, eles me convidaram para sentar na mesa deles. Agradeci educadamente e meu prato chegou. A moça disse que me admirava, pois achava muito triste comer sozinha. Expliquei que estava ali sozinha porque queria estar sozinha e que estava tudo bem. Que eu estava feliz.

Causo em Angers, França

Estava andando pela cidade e buscando um lugar pra jantar. A cidade estava vazia e entrei em um restaurante grande, vazio e o garçom me disse, enquanto nadava: fique à vontade, pode escolher sua mesa. Fui até uma mesa na janela, pois estava um calor insuportável.

Logo depois que me sentei – o restaurante estava vazio – chegou outro garçom me dizendo que aquela mesa estava reservada. Me levantei, agradeci e fui embora.

A caminho do hotel, parei em um restaurante bem pequenininho que havia mesinhas na rua, na sombra e onde havia apenas um casal sentado. Mais um vez disse bonjour e a moça indicou que eu poderia escolher a mesa. Me sentei e ela perguntou se eu poderia trocar de mesa. Ahhhhhh que irritação!

Dessa vez não me contive e perguntei: vem cá, por que não posso ficar nessa mesa? Não tem ninguém no restaurante. Só quero comer e ir embora. E aí tive a resposta que, se eu fosse em um bar, poderia escolher onde sentar, mas que em um restaurante eram eles que decidiam.

Me levantei e deixei ela decidir quem sentaria na mesa que, provavelmente ficou vazia. Fui para o restaurante ao lado do hotel, onde sentei em uma ótima mesa, tinha ar condicionado e comi muito bem.

Em busca da experiência que mereço

Bom, posso escrever horas a fio contando vários causos que acontecem na estrada. Ah Denise, mas você é muito intolerante. Sou sim, pois quero sentar em boas mesas, comer uma boa comida e pagar por isso como qualquer pessoa que esteja em grupo.

Afinal, isso não é tão complicado assim. Porque existem alguns restaurantes onde somos super bem tratadas. Então, eu respiro fundo, me levanto e procuro outro lugar onde serei tratada com respeito e bem servida.

Por vezes, isso pode ser bastante irritante e cansativo, mas sigo buscando a experiência que mereço.

Como tornar mais leve a refeição viajando sozinha

Hoje em dia já não me sinto mais desconfortável nas refeições e posso te dizer com toda certeza que com você vai acontecer a mesma coisa. A refeição viajando sozinha vai deixar de ser um desafio e você vai enfrentar qualquer situação numa boa.

Primeira refeição viajando sozinha

Se você está insegura na primeira refeição viajando sozinha poderá escolher locais mais casuais, como cafés, lanchonetes e pequenos bistrôs onde, com certeza, você vai encontrar outras pessoas sozinhas.

Fuja de restaurantes com estilo romântico e não comece encarando um restaurante no jantar, por exemplo. Deixei pra mais tarde, quando você estiver mais acostumada.

Sentar no bar ou mesa compartilhada

Se você está você está começando na arte de viajar sozinha, que tal sentar no bar? Pode ser divertido e você pode conhecer outra pessoa que também está viajando sozinha.

Existem também restaurantes onde as mesas são compartilhadas e você acaba não estando só durante a refeição, mas com outras pessoas que também estão sozinhas.

Sentar na rua ou virada pra fora

Gosto muito de restaurantes que te a possibilidade de sentar na rua ou que tenha uma mesa na janela. Essa é uma estratégia que uso muito. Adoro ficar observando a rua, as pessoas, o ambiente e prestar atenção a tudo que está acontecendo ao redor.

Gosto de ver como as pessoas andam, com quem andam, qual a expressão delas caminhando pela rua. Se estão tristes ou alegres, se estão cansadas ou animadas.

Quando viajamos sozinhas estamos muito mais conectadas com o momento presente e muito mais perceptivas, pois não temos distrações com a gente, principalmente nas refeições.

Batendo papo com o garçom

Pode acontecer você sentando no bar, como disse acima ou até mesmo em outros restaurantes. Tem dias que encontro um garçom legal e estou comunicativa e a fim de bater papo e descobrir mais da cidade.

Em geral, os garçons são muito gentis e fico fazendo perguntas sobre o lugar, pegando dicas que geralmente são super interessantes, pois são pessoas que conhecem bem o destino.

Observe a vida alheia

Quando não dá pra olhar pra rua ou pra fora do restaurante, costumo observar as pessoas dentro do restaurante mesmo! ha ha ha Já vi briga e reconciliação de casais, famílias indo embora, porque não conseguiam controlar seus filhos e você pode imaginar as cenas. Namorados brigando, pessoas que fazem refeições juntas e não trocam uma palavra.

Pra você não grudar os olhos nas mesas sem a menor educação, o que faço é estar com meu bloquinho de anotações aberto. Enquanto escrevo sobre o dia e o que quero trazer para o blog, espicho o olho e observo o ambiente.

Enfim, ver a vida como ela é em restaurantes ao redor do mundo pode ser muito divertido, basta você se abrir para a experiência. Quando viajamos sozinhas é quando temos todo o tempo para observar e refletir sobre as cenas do cotidiano. Algumas bizarras, outras emocionantes e outras curiosas. Nada melhor do que observar para poder entender e se aprofundar naquela cultura.

Traga distrações

A maioria das vezes, aproveito a espera da refeição limpando e editando as fotos que fiz até o momento. Isso adianta o meu trabalho e consigo ir dormir mais cedo.

Ou escolho esse momento para fazer stories da viagem no Instagram contando sobre algo que vi ou fiz. Acabo nem lembrando que estou no restaurante sozinha e nem percebo os olhares pro meu lado. Sim, eles vão existir por um motivo ou por outro e você vai se acostumar com isso.

Garanto que você já observou outras pessoas em cafés ou restaurantes, que estão lendo um livro, escrevendo ou até mesmo trabalhando em seu laptop.

Se está difícil pra você no começo, poderá trazer distrações para o restaurante ou executar pequenas tarefas como falei acima. Aqui vou te dar mais algumas ideias:

  • trazer um livro, que pode estar no kindle, se você costuma viajar leve como eu;
  • um caderninho de anotações, como um diário de viagem;
  • pode preencher o aplicativo de despesas de viagem para controlar seu orçamento;
  • arrumar a sua carteira (eu sempre junto mil coisas e depois faço limpeza);

Não importa o que os outros pensam

O que as pessoas pensam, dizem ou até mesmo seus olhares pra nós, não faz a menor diferença na nossa vida. Pode apostar.

O que importa é que você está ali porque quer, porque escolheu. Você merece curtir a sua refeição e o seu momento. Ninguém tem nada a ver com isso. Não existe qualquer motivo para você se sentir mal.

Aprecie o momento

Lembre-se que se sentir confortável em uma refeição viajando sozinha não é um talento ou coisa parecida. É uma habilidade que vamos conquistando com a prática.

Jamais deixe de saborear a sua refeição por conta dos olhares alheios ou por conta do despreparo de estabelecimentos com a situação de uma mulher independente fazendo sua refeição sozinha.

Denise Tonin
Denise Tonin
Sou viajante solo por opção e paixão! Viajei muito mais do que escrevi por aqui, mas vale dizer que o que realmente importa não é a quantidade de países que visitei, mas o quanto consegui me conectar com cada lugar e com as pessoas que cruzei nas viagens. O mais importante ainda é o quanto consegui me conectar comigo mesma! Busque por conexão e se entregue e verá a mágica acontecer. Suas viagens, além de incríveis, serão transformadoras!
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