Atualizado em Novembro 2020
Você sabia que foi na Vinícola Peterlongo que aconteceu a produção do primeiro e único champagne brasileiro? Vamos conhecer essa história e saber como é a visita por lá?
A tradição de beber Champagne teve início em sua descoberta, feita pelo monge Dom Pierre Pérignon, em meados de 1630. Ele viveu na região francesa de Champagne, lugar que deu origem ao nome da bebida.
Reza a lenda que Dom Pierre chegou ao método de dupla fermentação por acaso. Inclusive, quando provou pela primeira vez o que havia feito, sentiu uma explosão de bolhas e disse aos monges que estava bebendo estrelas.
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De fato, a bebida passou a ser cultuada por reis e adentrou os castelos das realezas. Não é por acaso que muitos também chamam o espumante de ouro líquido. A coloração sem dúvidas remete à preciosidade e, até hoje, o Champagne é ligado ao sucesso, riqueza e felicidade.
O prestígio de abrir uma garrafa de Champagne virou tradição nas viradas de ano. Principalmente no Brasil, é comum ver pessoas abrindo garrafas para dar boas vindas ao ano que chega. Além disso, a bebida também é vista em comemorações e momentos especiais, como o pódio da Fórmula 1.
Ao longo de sua história, as bolhas do espumante Champagne sempre fascinou quem teve o prazer de degustá-lo. Admiramos essas pequenas estrelinhas em vários momentos das nossas vidas, na televisão e também no cinema.
E é nessa atmosfera requintada e de sucesso que relembro o assunto do post de hoje: o Wine Movie que ocorreu na Vinícola Peterlongo.
Para quem não conhece, Peterlongo foi a primeira marca a produzir Champagne no Brasil, possuindo mais de 100 anos de história e tradição. É também a única que pode usar o nome Champagne em território nacional, o que sem dúvida alguma é uma grande honra.
Nas próximas linhas, vou contar um pouco da história de como o espumante veio parar em terras tupiniquins.
Breve história da Vinícola Peterlongo
A história da vinícola Peterlongo tem início nos anos 1870, quando Manoel Peterlongo veio da Itália para as Serras Gaúchas, no Brasil. O imigrante italiano era agrimensor e também tinha um armazém em sua casa. Uma das grandes paixões de Manoel era beber vinhos espumantes, algo que ele fazia muito na Itália.
Como no início do século XX os espumantes não eram muito comuns no Brasil, Manoel se juntou a um amigo e incentivou o cultivo de uvas brancas finas na Serra Gaúcha. Mais tarde, ele começou uma pequena cantina no porão de sua casa. Foi ali, naquele porão, onde ele elaborou o primeiro espumante produzido no Brasil. Ao menos é o que dizem os registros oficiais de 1913.
Nem preciso dizer que o champagne foi ficando cada vez mais famoso, não é mesmo? E foi neste cenário que nasceu o Champagne Peterlongo. O prestígio das comemorações, cenas de filmes, jantares especiais e o próprio sabor delicioso fizeram da bebida um símbolo de sucesso.
Posteriormente, na década de 1930, o filho de Manoel construiu a Vinícola Armando Peterlongo, em Garibaldi (RS). Além da tradição familiar iniciada pelo pai, a vinícola foi feita sob o estilo Champagne, minuciosamente colocado em cada detalhe.
A começar pela casa, que mais se parece com um castelo francês, a cave e os jardins, que são interligados por um túnel subterrâneo e os vinhedos, que se espalham de forma semelhante aos cenários franceses.
De fato, o sucesso do Champagne Peterlongo é inegável. Ele já até foi servido em banquetes e eventos oficiais durante a Era Vargas. Podemos dizer que a bebida realmente adentrou a cultura brasileira, principalmente nas comemorações.
Mão de obra feminina
Não foi somente no método Champagne que Peterlongo foi pioneiro. Além de trazer o espumante para o Brasil, o empresário foi o primeiro a contratar mulheres respeitando as leis trabalhistas na Serra Gaúcha. “Benditas sejam as mulheres, pois elas fazem tudo com amor” costumava dizer Armando Peterlongo.
Logo no início, as mulheres estavam presentes nos vinhedos, faziam a colheita, trabalhavam na vinícola e eram envolvidas nos procedimentos de fabricação do Champagne.
Vinícola Peterlongo: histórica e polêmica
Muitas pessoas chamam espumante de champagne. Mas o que muita gente não sabe é que na verdade, Champagne é o nome da região francesa onde se fabricam os espumantes mais famosos do mundo.
O mesmo acontece com os queijos, pois são produtos de Denominação de Origem Controlada e Protegida. Logo, o que produzimos aqui ou em qualquer outro lugar são produtos com receitas semelhantes e que não podem levar o nome do “original”.
Foi por este motivo que muitos produtores franceses levaram casos como o do Champagne Peterlongo para a justiça. Eles queriam proibir o uso do termo para bebidas de qualquer outro lugar.
Mas o Supremo Tribunal Federal autorizou, em 1974, 4 vinícolas brasileiras a usarem o nome Champagne para espumantes produzidos em terras brasileiras. Uma delas é a Vinícola Peterlongo, que ganhou reconhecimento pelo respeito à história e preservação da tradição.
Das 4 vinícolas que podiam usar o nome do espumante francês, apenas a Peterlongo continua existindo. Isso torna o Champagne Peterlongo o único a usar este termo em território nacional. Trés chic, não é?
Moderna e tradicional
Hoje, as garrafas de Peterlongo não carregam somente um delicioso espumante, levam também mais de 100 anos de tradição às mesas e ocasiões. Além disso, a vinícola passou a abrir as portas para visitas turísticas e eventos especiais.
Tour Armando Peterlongo
A visita começa no Museu Manoel Peterlongo, uma grande sala com diversos equipamentos antigos usado na produção dos vinhos. É possível ver os produtos históricos da marca. Fiquei, mais uma vez, lembrando da champagne que era a estrela da festa de Natal lá em casa. É incrível ver os rótulos antigos e se transportar pra infância, muito bacana mesmo!
Depois você vai conhecer os tanques e a Cave onde conhecerá a história do Champagne Peterlongo, além de conhecer todas as etapas da produção.
Ao final da visita há uma degustação dos vinhos e espumantes. Como nossa visita foi para um grupo da imprensa, sugiro você consultar a Peterlongo para saber exatamente quais vinhos serão degustados e também como está a visita por agora, em tempos de pandemia de Covid-19.
Informações Práticas
Horário: Todos os dias das 9 às 17h30
Agendamento: (54) 98114 3844 | 3462 1355 ou eventos@peterlongo.com.br
Vinícola Peterlongo e o Wine Movie
Foi no jardim da vinícola, em meio aos vinhedos e com um clima pra lá de aconchegante que aconteceu o Wine Movie. O evento trouxe a exibição do documentário Um Ano Em Champagne, de David Kennar, de forma bem inusitada. Você pensou mesmo que os cinemas a céu aberto chegaram ao fim?
Para não deixar todo mundo morrendo de vontade, o ingresso da exibição também dá direito a uma taça de vinho tinto ou espumante, e também a pipoca (que não pode faltar em nenhum cinema). Mas se você quiser, também poderá jantar no food truck estacionado no jardim.
Documentário: Um Ano em Champagne
O documentário mostra o método de produção do espumante, por meio de uma imersão de um ano com especialistas, negociantes, importadores, produtores e personalidades da região de Champagne. É uma bela oportunidade para conhecer o mundo do espumante mais famoso.
Um Ano Em Champagne visita desde as grandes marcas mais tradicionais, ligadas às Maisons e ao grande comércio, até os pequenos produtores, que empregam mais o trabalho e dedicação familiar.
A imersão é guiada por Martine Saunier, uma negociante francesa. Ela adentra o universo das borbulhas francesas e mostra a região durante os 12 meses, ou seja, durante as quatro estações.
A fotografia do filme é belíssima e a água na boca é inevitável, você verá como Champagne é uma região magnífica e de fama justificável. Afinal, se você já provou bons espumantes, vai reconhecer o método logo ali.
As imagens e descobertas das telas inevitavelmente deixam qualquer apreciador do vinho com água na boca. Por isso mesmo esse filme deve ser visto não só com pipoca, mas também com Champagne e vinhos tintos.
Denise Tonin visitou a Vinícola Peterlongo à convite, durante a Press Vindima 2019. A opinião contida nesse artigo opinião é isenta e baseada na experiência real da autora.